Ministro reconhece que postura cuidadosa com evolução de preços ainda é necessária
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou ontem a deflação de 0,32% no IGP-M em agosto, mas recuou no otimismo dos últimos dias e reconheceu que ainda é necessária uma postura de cautela com o ritmo de inflação. "(O resultado do IGP-M) significa que há uma desaceleração da inflação, mas ainda estamos acima dos patamares desejáveis", afirmou o ministro, que participou da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) no Palácio do Planalto "É preciso que haja (mais) um recuo", acrescentou o ministro.
Mantega defendeu a continuidade dos instrumentos de combate à inflação, como a política fiscal (de contenção de despesas por meio de um maior superávit primário) e monetária, praticada pelo Banco Central com a alta na taxa de juros básica da economia, a Selic. "Sem dúvida. Os instrumentos precisam ser mantidos, como um superávit primário maior e os juros do Banco Central", disse o ministro. A postura de maior cautela não foi por acaso.
Apesar dos índices mostrarem uma queda na alta de preços, Mantega recebeu informações de sua assessoria de que a inflação ainda deve subir entre setembro e novembro, só recuando efetivamente a partir de dezembro. A elevação dos índices nos próximos três meses, segundo técnicos, acontecerá até mesmo por um efeito estatístico: no período de setembro a novembro do ano passado registrou taxas relativamente baixas de inflação.
Em setembro de 2007, por exemplo, o IPCA ficou em 0,18%. Ou seja, para que a taxa acumulada em 12 meses não suba no mês que vem, o IPCA deveria ter uma taxa de no máximo 0,18%. O ministério da Fazenda reconhece a necessidade de um aperto monetário neste ano, mas mantém o questionamento em relação à magnitude do ajuste que o Banco Central vai promover nas três reuniões do Copom programadas para este ano. A próxima será nos dias 9 e 10 de setembro.
A Fazenda considera que a escalada dos preços foi motivada principalmente pela alta do petróleo e dos alimentos, enquanto o Banco Central foca a calibragem das taxas de juros não apenas na inflação, mas também na elevação do crédito e dos altos níveis de demanda interna.
Com os números recentes da inflação, o Banco Central volta à berlinda das pressões para validar o cenário que justifique uma nova alta da taxa Selic, atualmente de 13%. Esta semana, na reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com economistas, a posição do BC foi colocada em xeque. A diretoria da instituição, no entanto, tem entendimento de que a queda das commodities é circunstancial e que muitas dúvidas ainda pairam sobre os desdobramentos da crise nos Estados Unidos e o nível de desaceleração das economias mundiais.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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