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quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Secretário de Segurança pede demissão

Governo Wagner sofre primeira baixa no primeiro escalão e consegue trégua com a oposição


O secretário de Segurança Pública da Bahia, Paulo Bezerra, não resistiu às pressões da oposição e de setores da imprensa e pediu demissão ontem. Criticado por conta do aumento da violência na região metropolitana de Salvador (RMS), onde o número de homicídios cresceu cerca de 40% em 2007, quando comparado ao ano de 2006, Bezerra teve o pedido de demissão aceito pelo governador Jaques Wagner (PT). Primeira baixa na equipe do primeiro escalão do governador, ele será substituído pelo atual superintendente da Polícia Federal (PF) na Bahia, o delegado César Nunes.
Assim como Nunes, Bezerra era superintendente da PF até ser convidado por Wagner para assumir a pasta, em 2007. Além de serem delegados federais, ambos têm em comum o envolvimento no esquema de fraudes descoberto pela Operação Navalha da PF, deflagrada ano passado, por suspeita de vazamento de informações para beneficiar investigados. Bezerra admitiu, inclusive, que foi investigado com escutas pela Polícia Federal, mas, a exemplo de Nunes, negou as denúncias.
No comunicado oficial em que anunciou o pedido de demissão, Bezerra não alegou qualquer motivo para tomar a decisão. Ele também não quis falar com a reportagem. O secretário de Comunicação do governo, Robinson Almeida, afirmou que também não sabia os motivos que levaram o delegado a pedir exoneração. Ele não negou, no entanto, que a razão que levou o governador a acatar o pedido, no meio da tarde de ontem, tenha sido o aumento da violência.
“Acreditamos que ele (Paulo Bezerra) vá explicar suas razões quando transmitir o cargo para o sucessor”, afirmou Robinson Almeida. A transmissão de cargo ainda não tem data para ocorrer porque César Nunes depende de liberação do Ministério da Justiça. A solicitação, revelou o secretário de Comunicação, já foi enviada a Brasília.
Ontem, no último dia como secretário, Paulo Bezerra deu entrevista ao Jornal da Manhã, da TV Bahia, quando admitiu o aumento da violência. Ele também se reuniu com os comandos das polícias Militar e Civil para, depois, pedir demissão, deixando o governador Jaques Wagner – que não escondia ser a segurança o mais grave problema do atual governo – numa situação politicamente confortável, visto que, nos últimos dias, as críticas ao governo cresceram por conta do aumento da violência na região metropolitana de Salvador.
Durante toda a semana, a imprensa, principalmente na internet, já vinha especulando sobre a demissão de Bezerra. A insatisfação em relação à segurança pública não é só da oposição na Assembléia e de parte da imprensa, mas também na própria polícia. E ela atinge também o chefe da Polícia Civil, João Laranjeira. A crítica de que não há uma política de segurança pública no estado é forte e fez, talvez, a primeira baixa no governo.
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Oposição vai esperar mudanças
A bancada de oposição na Assembléia Legislativa e uma parte dos governistas comemoraram a demissão de Paulo Bezerra da Secretaria de Segurança Pública. O líder da minoria, deputado Gildásio Penedo (DEM), disse que, ao acatar o pedido de demissão, o governador Jaques Wagner (PT) reconheceu que falta uma política de segurança pública no estado. “Esperamos que, apesar de ser da mesma escola que o antecessor, o novo secretário mude as coisas. Esperamos que ele não cometa os mesmos equívocos”, disse Penedo. “É preciso conter o aumento da violência no estado”, acrescentou.
Anteontem, na primeira sessão após o recesso parlamentar, deputados da oposição se revezaram no plenário da Assembléia para atacar a área da segurança pública do governo Wagner. Além disso, a bancada espalhou outdoors pela cidade criticando, entre outras áreas, a segurança pública. Mas as críticas também partiram de aliados, como o deputado Tadeu Fernandes (PSB), que ontem, mais uma vez, discursou sobre o assunto no plenário.
O líder da bancada de governo, deputado Waldenor Pereira (PT), admitiu que a mudança no comando da Secretaria de Segurança Pública já “era esperada”. Isso, “diante da pressão gerada nos últimos dias pelo aumento da violência”. Para o parlamentar, o delegado Paulo Bezerra teve uma atitude humilde e nobre ao pedir desligamento da administração estadual, “na expectativa de que o novo gestor possa implementar uma política estratégica diferenciada para o combate ao crime organizado”.
Para Pereira, “temos que levar em consideração que a causa principal do crescimento da violência na Bahia é de natureza social”. “Nosso estado é campeão nacional do desemprego, do analfabetismo, fruto de governos que não priorizaram esses setores, o que, conseqüentemente, repercute na questão da segurança”. Apesar das críticas às administrações passadas, o líder governista admitiu que não podia “deixar de responsabilizar o estado pela realidade atual”.
O vice-líder da maioria, deputado Álvaro Gomes (PcdoB), disse que a nomeação ou exoneração de assessores era uma medida de governo, mas que o problema na segurança pública não era tipificado na figura de um secretário. “Eu, particularmente, tenho uma visão sobre segurança que é diferenciada da maioria das pessoas. Acredito que o crescimento da criminalidade está diretamente relacionado com as desigualdades sociais. Portanto, não creio que ela esteja vinculada ao titular da pasta”.
Apesar disso, o deputado Álvaro Gomes espera que o novo secretário possa melhorar os indicadores da segurança pública. “Acredito que a indicação do governador deve ser apoiada. O governador tem um conhecimento muito maior de sua equipe de trabalho do que nós parlamentares, que estamos do lado de fora. Portanto, temos que acreditar que diante da série de políticas sociais do governo, a segurança seja conseqüentemente beneficiada”.
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Delegado já foi investigado
O futuro secretário de Segurança Pública da Bahia, César Nunes, disse ontem que só vai falar sobre mudanças no setor quando tomar posse. O superintendente da Polícia Federal no estado tem larga experiência policial. Ele revelou a colegas na PF que pretende atacar a criminalidade de uma forma geral e, num primeiro momento, trabalhar para que as polícias Civil e Militar atuem de forma mais integrada e de forma inteligente.
Quando foi superintendente da PF em Sergipe, Nunes, assim como Paulo Bezerra – que na época ocupava o mesmo cargo na Bahia –, chegou a ser investigado na operação chamada Octopus, mas, segundo denúncia publicada na imprensa, em maio do ano passado, o vice-diretor da Polícia Federal Zulmar Pimentel e o juiz baiano Durval Carneiro Neto vazaram informações para os dois delegados. Todos os envolvidos negaram as acusações. “Investigado todo mundo pode ser”, disse Nunes na época.
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Uma pedra no caminho
Tudo começou como um simples desconforto. As polícias Civil e Militar baianas jamais disfarçaram o mal-estar por terem no comando um delegado federal. Capitaneada pelo próprio delegado-chefe João Laranjeira, a decepção inicial cedeu lugar à resignação e a uma indisfarçável apatia nas fileiras da SSP. Logo, logo, a desmotivação se traduziria em números: a atuação dos chamados grupos de extermínio recrudesceu e o Carnaval do ano passado experimentou um incremento de quase 30% nos índices de violência em relação ao ano anterior.
Mês após mês, o prestígio do titular da SSP declinava numa relação inversamente proporcional à escalada da violência urbana. Em meados do ano, mais um percalço: o envolvimento de seu nome (como o do substituto César Nunes) na chamada Operação Navalha, da própria Polícia Federal, que investigou o esquema de fraudes em licitações. Blindado pelo governador Jaques Wagner, Bezerra saiu incólume.
Embora tenha saído ileso do escândalo, Bezerra não conseguia acertar o passo à frente da SSP. Para agravar o quadro, a falta de sintonia entre ele e o delegado-chefe deixou de ser um sintoma para ser a própria doença. Raramente os dois eram vistos num mesmo evento público.
O balanço da violência no ano de 2007 apenas fragilizou mais um pouco a já claudicante posição do secretário. De acordo com dados do Centro de Documentação e Estatística Policial (Cedep), o índice de homicídios em Salvador e região metropolitana experimentou um salto de quase 40%: dos 967 registrados em 2006, pulou para 1.337.
Desde que o ano começou, a defenestração de Bezerra era dada como uma questão de tempo. Ou de acomodação de ânimos. Cargo pertencente à cota do Partido dos Trabalhadores, a titularidade da SSP deveria continuar com a Polícia Federal. Faltava apenas encontrar um nome de consenso. Com livre trânsito na Polícia Civil e bem mais carismático que Bezerra, o superintendente da PF na Bahia, César Nunes, mostrou ter o perfil desejado. O tempo dirá se o jogo de cintura de Nunes será suficiente para dissolver as resistências cristalizadas na SSP.
Fonte: Coreio da Bahia

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