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terça-feira, janeiro 29, 2008

No fundo de tudo, a vontade política

Por: Carlos Chagas

BRASÍLIA - Formulada a teoria, haverá que esperar a prática. O presidente Lula determinou aos ministros que façam política, que troquem informações e, em especial, que recebam parlamentares, não se escondendo nem deixando de responder aos pedidos de audiência e telefonemas. Só depois do Carnaval haverá deputados e senadores em Brasília, mas muitos deles, experientes, já começaram a enviar solicitações de seus estados.
A pergunta que se faz é de que instrumentos disporá o presidente da República para fazer cumprir suas instruções, se um ou muitos ministros fizerem ouvidos moucos, mantendo a postura arrogante e desinteressada de sempre.
A resposta surge débil: poderá fazer tudo, mas, provavelmente, não fará nada. Porque descumprir uma ordem do comandante, no quartel, dá cadeia ou desligamento. No ministério, sempre haverá a possibilidade de o presidente demitir o auxiliar, mas nesses casos de relacionamento com o Congresso sempre há o reverso da medalha: "não é bem assim", "ninguém me deu o recado", "esse deputado ia pedir uma sinecura", "aquele senador vota sistematicamente contra o governo". Acresce a ausência provável de vontade política para fazer cumprir as próprias intenções.
Assim estamos, no limiar de uma nova postura política do governo, que na realidade é a mesma de sempre. O presidente não vai demitir ninguém por conta do pouco caso feito diante de parlamentares. Também, se a gente for analisar o que se passa com os pedidos que chegam ao Palácio do Planalto, a reação é quase a mesma...
A saída de Requião
Antes de embarcar para Cuba, Roberto Requião, do Paraná, passou por Brasília. Encontrou-se apenas com um amigo de longos anos, o ex-presidente da Câmara e ex-embaixador Paes de Andrade. A conversa foi, como sempre, até o fundo da realidade. Perguntado sobre seu futuro, o governador paranaense ficou sem resposta imediata. Já foi reeleito uma vez, em 2011 terá que deixar o cargo.
Não lhe apetece desincompatibilizar-se seis meses antes, para concorrer ao Senado. Afinal, já ocupou uma cadeira de senador, cumpriu seu dever, remou contra a maré do seu partido, o PMDB, sabendo que os obstáculos, hoje, não maiores do que antes, em termos de poder seguir suas inclinações. O partido transformou-se em linha auxiliar do poder, qualquer que seja ele.
Diante da evidência exposta por Paes, de que só lhe resta a alternativa de ir em frente, ou seja, disputar a indicação para presidente da República, Requião concluiu: "Vamos ver o que o comandante acha disso". O "comandante", no caso, é Fidel Castro, que deve ter recebido o governador nas últimas horas.
A nova Dilma
À medida que o tempo passa e o PT vai descobrindo a contragosto não dispor de um nome em condições de disputar a sucessão do presidente Lula, mais se apresentam duas vertentes para o partido. Uma, por enquanto semelhante a um plácido ribeirão, seria uma definição antecipada em torno da ministra Dilma Rousseff, par ver se em três anos as águas engrossam e se tornam navegáveis para a nau petista. A outra, semelhante ao rio Amazonas, chama-se terceiro mandato.
O problema é que levar o maior rio do mundo até o oceano eleitoral seria contrariar a Constituição, coisa tão difícil quanto canalizar o Amazonas para o Nordeste, sonho do ministro Mangabeira Unger.
O ano que mal começa oferece ao ribeirão pelo menos a chance teórica de transformar-se num rio caudaloso: seria necessário que a atual chefe do Gabinete Civil aceitasse bater de frente com a política neoliberal da equipe econômica, rompendo barragens e retornando à doutrina que o PT uma vez cultivou, do nacionalismo e da rejeição do modelo econômico a nós imposto pela comunidade internacional. Instrumental para isso ela possui. Coragem, talvez.
Bi-presidente
Michel Temer, presidente do PMDB, não pensa em outra coisa: tornar-se outra vez presidente da Câmara, no biênio 2009-2010, conquista que lhe permitiria o repeteco, ou seja, reeleger-se para 2011-2012. O problema é que, nas raras inconfidências, Temer também volta seus objetivos para a permanência na presidência do PMDB. Seria bi-presidente. Nada demais, já que o dr. Ulysses Guimarães foi tri-presidente, acumulando a presidência da Assembléia Nacional Constituinte.
Deve-se indagar, antes de tudo, o que pensam disso o presidente Lula e o PT. O chefe do governo e o deputado paulista chegaram a se compor, mas não morrem propriamente de amor um pelo outro. Acresce que a presidência do Senado, para 2009-2010, pertence desde já ao senador José Sarney, com as mesmas perspectivas da Câmara, ou seja, dois anos mais dois anos.
Como reagiria o PT, vendo o PMDB dirigir as duas casas do Congresso? As regras dispõem que as maiores bancadas indicam os presidentes das duas casas. Houve tempo em que o PMDB exerceu as duas, com Nelson Carneiro no Senado e Paes de Andrade na Câmara. Será que a História se repete?
Fonte: Tribuna da Imprensa

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