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terça-feira, dezembro 25, 2007

A segurança é um problema mesmo’

pingue-pongue Jaques Wagner
Há um ano à frente dos destinos do estado, o governador Jaques Wagner (PT) ainda não encontrou a fórmula certa para equacionar os problemas na área de segurança pública. Pela primeira vez, ele admitiu publicamente que há problemas no setor. Na última sexta-feira, durante quase duas horas, em que almoçou com jornalistas na Governadoria e conversou com o Correio da Bahia, o governador prometeu investir mais recursos para a segurança pública, através da aquisição de novos equipamentos e treinamento de policiais. “Falta carro, equipamento e gente”, admitiu. Sobre a superlotação carcerária e o sistema prisional do estado, Jaques Wagner criticou o sistema atual e prometeu instalar dez centrais de aplicação de penas alternativas, em parceria com o poder Judiciário, para diminuir a crise na Bahia. Descontraído, ele falou ainda de sucessão municipal em Salvador, apostando que o prefeito João Henrique Carneiro (PMDB) será um nome forte no páreo, e esclarecendo que, apesar de aliado, o ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB) não é o seu candidato. Wagner destacou ainda a boa relação com o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e o esfacelamento do PT, gerado a partir da disputa interna pelo poder. O governador também descartou, no momento, qualquer possibilidade de troca de secretário, embora saiba que Geraldo Simões, que comanda a pasta da Agricultura, pretende ser candidato a prefeito de Itabuna. Confira abaixo a entrevista.
***
Osvaldo Lyra
Correio da Bahia - Qual a análise que o senhor faz sobre o primeiro ano de seu governo?Jaques Wagner - Minha análise é positiva. Todo o primeiro ano de governo é sempre um ano de adaptação, o ano de governar com o orçamento dos outros, com os defeitos que os outros deixaram, com as dívidas. É evidente que existem dificuldades para o governo que vem substituir um grupo que passou 16 anos no poder, cuja máquina estava doutrinada a caminhar numa direção. Nossa maneira de governar é completamente diferente, ou quase antagônica à deles. No primeiro semestre foi mais difícil, pois tivemos alguns problemas, mas no segundo já começamos a colher frutos em várias áreas, como saúde, educação, segurança pública, que recebeu mais investimentos. Portanto, a minha avaliação é positiva.
CB - Mesmo o senhor tendo sido avaliado como um dos piores governadores do país, tendo ficado em 7º na última sondagem do Datafolha?
JW - Olha bem, poder ser melhor, sempre pode, mas quando você analisa aquela enquete da Folha (Datafolha) percebe que a diferença do primeiro para o último colocado foi muito pequena, o que mostra que tem uma zona cinzenta, que é avaliação dos governos. A melhor nota foi entre 7,5 e 7,7. Eu fiquei em sétimo, com nota 6,0. Então, sinceramente, fico tranqüilo. Ou melhor, plenamente tranqüilo ninguém fica, já que você sempre busca um desafio novo, querendo fazer mais. Apesar de tudo, eu considero que foi um ano positivo, com a equipe que teve altos e baixos, mas acho que respondeu. Mesmo assim, temos que melhorar a máquina para responder com mais rapidez e eficiência em 2008.
CB - Os índices de criminalidade crescem a cada dia. O que a população pode esperar do governo na área de segurança pública?
JW - A área de segurança é um problema mesmo. Apesar disso, estamos investindo. A população pode esperar mais atenção, trabalho e investimentos. Estamos dentro de um conceito repassado pelo governo federal, baseado no mote segurança e cidadania, vamos encaixar os presídios de Barreiras, de Vitória da Conquista, além do Complexo de Salvador, vamos disponibilizar mais dinheiro para serem comprados novos equipamentos, convocar e treinar mais soldados para termos mais presença policial nas ruas. A parte de inteligência da polícia, na minha visão, não tem problemas, ela está bem montada, já que tinha muita coisa e nós ainda investimos mais. Essa ala não é nosso problema. O policiamento presencicial, até pela carência de carro, equipamentos e gente, tem que ser aumentado. Tem umas coisas que são incríveis. Quando uma viatura da polícia sai daqui de Salvador, passa pela Polícia Federal em Simões Filho, perde totalmente a comunicação com a central. Qualquer contato só é feito através de celular. Isso é um absurdo. Foi comprado na gestão passada aquele sistema Expansion, mas não foi instalado. Agora vamos investir R$3,5 milhões e colocá-lo em prática, otimizando os trabalhos das polícias. Na Polícia Civil, não temos problema de falta de delegados, mas nos faltam mais agentes, que fazem os serviços iniciais. Então a sociedade pode esperar que a segurança nas ruas vai melhorar.
CB - E o que fazer com a superlotação carcerária e o sistema prisional do estado?
JW – A gente tem um problema que é o preso transitório, que não tem lugar para ficar. Ele deveria estar na delegacia enquanto investigado, no presídio depois de condenado, mas nesse meio tempo, enquanto o processo não é julgado, não tem onde ficar, já que nem a delegacia nem a penitenciária são os lugares corretos. Precisamos criar uma instituição que abrigue uma situação intermediária. Estamos instalando dez centrais de aplicação de penas alternativas, em parceria com o poder Judiciário, para encontrar soluções para esse problema e diminuir até mesmo os custos para o estado, já que existem exemplos como de uma senhora que roubou R$150 em Xique-Xique e está há um ano e meio presa. Isso é um absurdo. Nós já colocamos para andar cerca de 800 processos que estavam parados, de pessoas detidas. E vamos continuar fazendo esse trabalho.
CB - Foi criado este ano um fórum de discussão entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para debater os problemas da sociedade. O primeiro tema foi segurança pública. Já se tem algum resultado concreto ou ainda está na fase de mera conversação?
JW - Tivemos sim. Uma das coisas que surgiu dessa parceria com o Judiciário, por exemplo, foi o início dos trabalhos de otimização dos processos. A idéia da Agenda Bahia era justamente criar esse cenário harmônico entre os poderes, de compartilhamento de responsabilidades. Estamos andando e vamos avançar ainda mais.
CB - Na área da educação, a greve dos professores comprometeu o ano letivo e o aprendizado dos alunos?
JW - Não comprometeu. Até porque há o compromisso de cumprir a carga horária e as matérias do ano até janeiro. Evidentemente é ruim, pois 54 dias corridos, paralisados, sendo 38 ou 40 de aulas perdidas, sempre prejudicam. Mas acabamos de sair da Conferência de Educação Básica, que foi um ponto alto na reflexão sobre a educação, o que nos dá a expectativa de termos um ano novo muito melhor.
CB - O senhor tem feito críticas a governos passados, mas tem mantido programas deixados pelas últimas gestões. Os deputados do Democratas, na Assembléia, dizem que o governo quer desestruturar tudo que existia para depois surgir com um novo modelo. Isso realmente existe?
JW - Isso não existe, quem me conhece sabe. Eu posso listar um sem-número de obras que foram começadas no governo passado e estão tendo continuidade. Muitos prefeitos até se surpreendem quando a gente conclui a obra, independente do partido, se o prefeito é do PT, PMDB, DEM, PP ou PR. Minha cabeça não funciona assim. Eu aprendi a governar ao lado do presidente Lula e acho que a hora da disputa eleitoral é uma coisa e a hora de governar é outra. Portanto, eu desafio a me mostrarem o que é que eu estou desmontando. Agora, o que estava ruim, como acontecia na contratação superfaturada dos serviços de mão-de-obra terceirizada, é evidente que eu estou suspendendo. A regra é a seguinte: o que for bom a gente melhora. O que é ruim a gente conserta. O que não presta, agente troca. E o que realmente não presta, nós já estamos trocando.
CB - A oposição diz que há inchaço da máquina pública, o que tem gerado dificuldades para o estado. Existe a previsão de acontecer alguma reforma administrativa em janeiro?
JW - Não, não vai. Não existe nenhuma previsão de reforma ou troca no secretariado. É lógico que depois de um ano você faz uma avaliação e se alguém não tiver atingido o êxito exigido, você substitui, já que eu tenho a liberdade de tirar ou colocar as pessoas do secretariado. Mas a minha avaliação nesse momento é positiva e por enquanto ninguém estaria nesse contexto.
CB - E há previsão de algum dos secretários sair para assumir uma campanha nas eleições municipais do próximo ano?
JW - O único que sinalizou até agora foi o Geraldo (Simões, secretário de Agricultura). Ele é o único que disse que pretende ser candidato em Itabuna. Mas isso vai ser conduzido de forma tranqüila. Até porque, quando eu convidei as pessoas para fazer parte do governo não fiz nenhuma exigência.
CB - O senhor acredita que a bancada de governo está desestruturada na Assembléia? Precisaria de uma tropa de choque maior para blindá-lo dos ataques da oposição?
JW - Não acho que exista tanto desgaste assim não, pelo menos sob a óptica da população. Óbvio que teve dssgaste porque nós enfrentamos a greve dos professores, a maré vermelha, a queda de parte da Fonte Nova, que foi uma coisa dura, o motim no presídio. Portanto, alguns problemas sérios que precisariam ser enfrentados de forma eficiente. Acredito que a bancada é uma bancada boa, bem estruturada, que aprovou tudo que agente precisava. São 49 deputados. É claro que o vício do cachimbo deixa a boca torta. Então, quem era a vida inteira oposição fica com um pouco de dor, precisando fazer fisioterapia, para curar a bursite no braço, devido ao fato de terem jogado tanta pedra. Então, agora têm que trocar, passar a fazer exercício para as costas, para agüentar apanhar. Tem ainda o entrosamento de culturas, com muita gente que chegou para ser base de sustentação do governo. Então, eu acho que as condições foram boas, que o líder do governo, o deputado Waldenor Pereira (do PT, líder do governo na Assembléia) correspondeu com o desafio, mas é óbvio que a bancada de situação pode funcionar melhor na Assembléia, mais afinada, com mais informação.
CB - Sucessão municipal em Salvador e nas principais cidades do interior. Existem candidatos preferenciais sob a ótica do governador?
JW - Eu não sou o mais indicado a falar de candidaturas preferenciais ou imbatíveis. Até porque, a minha era totalmente batível e agente acabou ganhando a eleição. Eleição para mim tem que ser tratada com muito mais cuidado do que tratam. Estamos a dez meses da eleição e qualquer estudioso de pesquisa sabe que o processo de definição na cabeça do eleitorado só começa a 45 dias do processo e se precipita, de verdade, a 20 dias da eleição. É só olhar o que aconteceu comigo. Então eu acho que toda futurologia é passível de falhas. Em Salvador, por exemplo, a eleição está nitidamente embolada, as ações do prefeito vão começar a repercutir e, como todo candidato que está sentado na cadeira, fica em vantagem.
CB - Então quem é o candidato preferencial do senhor? É o ex-prefeito Antonio Imbassahy, do PSDB?
JW - Como eu disse em São Paulo, no cenário atual da política baiana, o ex-prefeito Antonio Imbassahy é meu aliado, faz parte de minha base de sustentação, com três deputados estaduais e o presidente da Assembléia Legislativa. Se você perguntar quem foi o fundamental na eleição de 2006, eu vou responder que foram todos os integrantes da base. Ele é o meu candidato? Não. Agora não é um candidato adversário. E o que eu disse em São Paulo foi justamente isso: ele é um candidato forte dentro de minha base. O resto, foi de responsabilidade de vocês, da imprensa (risos).
CB - O crescimento do PMDB tem preocupado setores do PT, sob a alegação de que esse “inchaço” seria uma ameaça para o partido em 2008. Isso tem prejudicado a relação do senhor com o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional)?
JW - Eu não tenho nenhum problema de relacionamento com o ministro. É evidente que o PMDB contribuiu muito com a nossa eleição, por ser um partido grande, que me deu um vice, tempo de televisão, mas não preocupa. A minha relação com o Geddel, desde o tempo em que éramos deputados federais ou quando eu estava no ministério, é muito boa. Sempre defendi junto ao presidente Lula que tivéssemos uma relação institucional com o PMDB. Coisa que não acontecia. Por isso eu vou insistir: não tem nenhum ingênuo aqui, nem nenhum hipócrita, senão, não chegaria a sentar nessa cadeira. Você sabe que o acordo local foi fruto de um processo nacional, em que o Geddel colaborou muito. Eu acredito nisso. Você vai trabalhando dentro daquilo que você prega e vai fazendo as pessoas chegarem. Isso aqui para mim é trabalho de equipe, em que vai plantando e colhendo os louros. Eu ajudei o Geddel a ser ministro, ajudei. Mas ele também me ajudou a chegar aqui. Agora, meus problemas com ele são zero. Já tenho que administrar uma relação com 12 partidos, o que é complicado. Há sempre ciúmes dos outros. É sempre um pepino para mim.
CB - O PT está esfacelado depois de todos os desgastes com o processo de eleição interna?
JW - Eu tenho que admitir que fico muito triste, como fundador e primeiro presidente do partido, em ver tudo que está acontecendo nesse processo eleitoral, principalmente por estamos no comando do governo do estado. Isso obrigatoriamente impõe aos dirigentes e militantes do PT um patamar de responsabilidade muito maior. A população demonstrou confiança no governador Jaques Wagner, mas no PT também, através da vinculação entre os projetos do presidente Lula com os nossos. Lógico que isso não provoca impacto diretamente em meu governo, já que ele é formado por um leque de 12 partidos, mas é complicado. Sei que a riqueza do PT é essa diversidade, essa pluralidade. Mas a pobreza do partido é não saber tratar com ela.
Fonte: Correio da Bahia

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