Certificado Lei geral de proteção de dados

Certificado Lei geral de proteção de dados
Certificado Lei geral de proteção de dados

domingo, dezembro 23, 2007

Exército muda de arma no combate às drogas

Kayo Iglesias
Três meses antes de o Exército subir o Morro do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, com a missão de preparar o terreno para a visita do presidente Lula, uma madrugada na favela mudou a vida de um recruta de 19 anos da Brigada Pára-Quedista. Viciado em cocaína e maconha, o rapaz foi feito de refém pelos traficantes até o amanhecer porque ele e um colega não haviam roubado o modelo de carro que a quadrilha queria para trocar por drogas. No dia seguinte, pediu socorro ao comandante de sua seção.
Na quarta-feira passada, o recruta voltou a ser preso. Desta vez num palco, amarrado à mãe com barbantes e libertado por tesouras de quatro ex-viciados, durante encontro de multiplicadores do projeto Phoenix/Auto-Estima, coordenado por médicos militares e que promove reabilitação de dependentes químicos que vestem ou não a farda.
Por sorte, o pára-quedista vai passar o Natal deste ano com a mãe, que veio de São Paulo, onde mora, acompanhar o tratamento psiquiátrico do filho. Ele é apenas um dos exemplos de uma nova postura do Exército em relação aos usuários de drogas. Em vez da expulsão, conforme mandam as rígidas normas das Forças Armadas - e do provável ingresso de mais um soldado nas fileiras do crime organizado - é cada vez maior o número de encaminhamentos para desintoxicação e reabilitação. A baixa temporária dura, em média, um ano.
Relatório produzido este ano pela Seção de Doutrina e Liderança da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), responsável por formar oficiais, mostra a preocupação com as drogas no efetivo verde-oliva. O documento de 68 páginas aponta que, em algumas das unidades, estima-se que 60% dos militares incorporados ao serviço já consumiram algum tipo de droga, incluídas bebidas alcóolicas. Um dos capítulos também indica os procedimentos adotados pelos oficiais para evitar a entrada de entorpecentes nos quartéis (veja quadro na página A3).
No Rio, 56 em tratamento
Estatísticas enviadas pelo Exército ao Conselho Estadual Antidrogas (Cead) e à Delegacia de Prevenção a entorpecentes (Delepren) da Polícia Federal mostram que, de outubro de 2001 a dezembro de 2006, 56 militares da ativa encontravam-se em tratamento por dependência química ou outras compulsões psiquiátricas no Estado do Rio.
- A gente sabe que o número é bem menor do que a realidade. Entre outros fatores, é a questão de promoção que é colocada em risco. Agora, o problema não é apenas do núcleo variável, do jovem de 18, 19 anos. Acontece também com oficiais - relata o psiquiatra e major Marco Barreto, coordenador do Phoenix/Auto-Estima.
Para o major, a formação militar e a exigência do mundo globalizado de cada vez mais competência e desenvoltura influem para o pontapé inicial no vício.
- Nossa carreira é de meritocracia, de pontos, e muitos não conseguem. Não aceitam limitação, não convivem bem com a frustração - explica o médico.
Fonte: JB Online

Em destaque

Interpretação correta dos números das pesquisas requer mais do que palpites

Publicado em 28 de março de 2024 por Tribuna da Internet Facebook Twitter WhatsApp Email Charge do JCaesar (Veja) Maria Hermínia Tavares Fol...

Mais visitadas