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terça-feira, outubro 30, 2007

Wagner e Lula mudam de posição sobre a Ford

Petistas que eram contra implantação da montadora na Bahia agora falam em ampliar investimento


Mais de seis anos depois de integrar a bancada petista na Câmara Federal que foi contra a instalação da Ford na Bahia, o governador Jaques Wagner disse ontem, durante cerimônia comemorativa pela produção de um milhão de veículos na unidade, que “muitos não acreditavam na possibilidade de uma fábrica automobilística ser instalada no Nordeste”. Ao lado de Wagner, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva elogiou o desempenho da fábrica e chegou a anunciar aos diretores da multinacional “que, se depender das políticas do governo, a Ford vai continuar crescendo”. A questão de incentivos fiscais foi a principal crítica dos petistas à atração de empresas feita durante as gestões anteriores do PFL. O senador César Borges, então governador da Bahia no período da instalação da Ford, precisou ouvir os discursos como convidado no palanque. Antes da cerimônia, ele chegou a comentar que, na época das conversações para a atração da multinacional, “enfrentou resistência até entre baianos sobre a questão dos incentivos fiscais”.
O evento teve na platéia cerca de 300 dos 8,5 mil funcionários do Complexo Industrial Ford Nordeste e mais uma comitiva de aliados petistas, reunindo deputados e prefeitos aliados do governo. Contradizendo o próprio discurso do presidente, horas antes, na inauguração do Cimatec II, quando negou a possibilidade de articular um terceiro mandato, o prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), provocou Lula a tentar uma nova reeleição. “Não sou eu quem está falando isso, não é só uma discussão política. É o povo que está com medo de te perder”, declarou. Lula sorriu ao lado de Jaques Wagner, uma expressão que usou durante todo o discurso do prefeito de Camaçari. Caetano completou a frase insinuando que Wagner seria uma opção de candidato para o Planalto: “está aí para governar pelo senhor por mais quatro anos”.
Luiz Caetano presenteou Lula e Wagner com um kit educacional da Cidade do Saber, o projeto que virou a menina dos olhos da administração municipal. O curioso é que o kit fica dentro de uma caixa de papelão, justamente o objeto apontado pela Polícia Federal como o cofre que continha mais de R$100 mil em cédulas de reais apreendidas em um sítio do político, durante a Operação Navalha.
Em 23 minutos de discurso improvisado, Lula chegou a dizer que a questão da greve é um problema para ser resolvido entre empresas e funcionários. “O governo não se mete, porque nós achamos que a liberdade sindical e o direito de greve são conquistas universais e que precisam ser mantidas para o bom funcionamento da democracia”. Entretanto, o Planalto vem pressionando o Congresso pela aprovação de um projeto de lei que regulamenta o direito a greve dos servidores públicos, incluindo até o desconto dos dias não trabalhados.
Minutos antes, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, Aurindo Pedreira, tinha recebido uma vaia da platéia formada por funcionários da Ford. Alguns trabalhadores alegaram que ele não representava adequadamente os direitos dos empregados. O sindicalista só foi aplaudido quando mencionou que lutaria com os empresários pela redução da jornada de trabalho.
O carro Ecosport representando o milionésimo veículo produzido na unidade foi escolhido com a cor vermelha, justamente a cor que historicamente identifica o Partido dos Trabalhadores. O automóvel foi doado para as Obras Sociais de Irmã Dulce, representadas pela superintendente das Osid, Maria Rita Lopes Pontes.
Depois da solenidade, o presidente Lula teve uma audiência com o ministro de Indústria, Turismo e Comércio da Espanha, Joan Clos I Matheo, na Base Aérea de Salvador. Em seguida, embarcou no avião presidencial rumo a Zurique, na Suíça, para uma reunião com o presidente da Fifa, Joseph Blatter, sobre a candidatura do Brasil para sediar a Copa de 2014.
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Presidente chegou a desafiar antecessor
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Jaques Wagner, ambos do PT, puderam ontem comemorar à vontade, a produção do milionésimo automóvel fabricado na unidade da Ford em Camaçari, mas nenhum dos dois têm como escapar da história. Em 1999, antes da montadora anunciar oficialmente a instalação da unidade em Camaçari, tanto Lula quanto Wagner, principais convidados da festa de ontem, se posicionaram publicamente contra a vinda da gigante automobilística mundial. O hoje governador, inclusive, o fez no voto.
Na época, Wagner era deputado federal e votou contra a vinda da Ford, por orientação do PT. Já Lula, então líder da oposição, desafiou o presidente Fernando Henrique Cardoso a se posicionar contra a instalação da montadora na Bahia apenas para desafiar o senador Antonio Carlos Magalhães, que, como presidente do Congresso Nacional, foi fundamental para a vinda da fábrica para Camaçari.
Na ocasião, o então líder do governo, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), foi o encarregado de responder a Lula, que era o presidente de honra do PT. “Um presidente fraco teria que tomar atitudes diferentes em relação à Ford na Bahia para responder a Antonio Carlos, mas um presidente forte faz o que é justo. E justo neste caso é o desenvolvimento do Nordeste”. Na Bahia, ACM também respondeu a Lula, dizendo que o petista — que é pernambucano — já estava tão acostumado às benesses do Sudeste que esquecera sua região de origem.
Estes foram dois dos capítulos finais na guerra política e fiscal pela instalação da Ford na Bahia, liderada por ACM. Na época, o governador era o hoje senador César Borges (PR), que ontem destacou a importância de Antonio Carlos Magalhães para a instalação da montadora na Bahia e no Nordeste. “Antonio Carlos foi um incansável lutador pela vinda da montadora. Como presidente do Senado, ele foi muito firme para conseguir trazer o investimento para o estado”, lembrou.A instalação da Ford na Bahia aconteceu após uma longa luta política. Tudo começou com a aprovação e implantação, em março de 1997, do Regime Especial Automotivo. A iniciativa encontrou resistência de empresários e políticos do Sul e Sudeste do país, que tentavam barrar incentivos para a montadora. Na época, o hoje governador Jaques Wagner, que era deputado federal, além de votar, fez campanha contra a vinda da empresa para o estado.
Os estudos para implantação de um pólo automotivo na Bahia foram iniciados no último governo Antonio Carlos Magalhães. A partir de 1992, ACM, então governador, encomendou um amplo levantamento de análise para verificar a possibilidade de instalação de fábricas de automóveis no estado. Com o estudo em mãos, começou então a luta política para que fosse aprovado no Congresso Nacional o Programa do Regime Automotivo, que beneficiasse todo o Norte e Nordeste.
O estado entrou na disputa pela fábrica, de fato, após a desistência da Ford pela implantação da unidade no Rio Grande do Sul, no início de abril de 1999. A montadora estava comprometida com aquele estado em função de um acordo feito com o então governador Antonio Brito (PMDB) para se instalar no município de Guaíba. Com a mudança de governo e a entrada de Olívio Dutra, do PT, os compromissos não foram mantidos. A forte investida do governo baiano começou dias depois. O estado ofereceu condições especiais e a garantia de cumprimento de todos os compromissos que viessem a ser assumidos. Na época, outros estados também tentaram entrar na disputa, como São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A luta pela Ford teve seu marco no dia 16 de junho de 1999, quando a empresa anunciou oficialmente a decisão de se instalar na Bahia.
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Dois de julho histórico
O vice-líder do Democratas na Câmara Federal, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto, também destacou ontem a posição firme do avô, o senador Antonio Carlos Magalhães, na luta pela implantação da Ford em Camaçari, na Bahia. O parlamentar lembrou que ACM ameaçou romper, em 2 de julho de 1999, com o então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) caso o tucano não tomasse uma posição em favor da Bahia, na questão da instalação da montadora americana, garantindo os incentivos fiscais. ACM, então presidente do Congresso Nacional, era um forte aliado de FHC.
O deputado lembrou que, naquele dia, após participar do desfile cívico do Dois de Julho ao lado do então governador César Borges, ACM telefonou ao presidente, do Palácio de Ondina, cobrando uma posição de FHC. O tucano, então, atuou de forma decisiva, inclusive no Congresso, para que a montadora se instalasse no estado, enfrentando até governadores do Sudeste, a começar pelo de São Paulo, na época Mário Covas, também tucano.
Em contrapartida, ACM conseguiu o apoio de todos os governadores do Nordeste na defesa pela instalação da Ford na Bahia. “Se não fosse pelo empenho do senador Antonio Carlos, a Ford não teria se instalado aqui. Lembro daquele Dois de Julho como se fosse hoje. Lembro do telefonema ao então presidente Fernando Henrique Cardoso. Antonio Carlos lutou arduamente pela implantação da montadora”, enfatizou ACM Neto.
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PT recebe parabéns
Em discurso proferido ontem no plenário da Assembléia Legislativa, o deputado Gildásio Penedo (DEM) parabenizou o PT pela mudança de postura em relação à Ford. O democrata lembrou que os petistas votaram contra, em 1999, o projeto Proauto, enviado pelo então governador César Borges à Casa e que possibilitava a implantação da Ford no estado com incentivos fiscais. “Ficamos felizes em ver que os petistas, que lideravam a oposição na época, mudaram de comportamento e deixaram o radicalismo de lado. Pena que agora, no governo, demonstram não ter capacidade de atrair investimentos para a Bahia”, alfinetou Penedo.
Ele lembrou que, na época, a Bahia despontava como uma terra promissora para a instalação de indústrias, graças ao trabalho iniciado em 1991 no terceiro governo de Antonio Carlos Magalhães. “De forma radical, o PT tentou atrapalhar a vinda da Ford para atacar o senador Antonio Carlos. Se fosse por eles, a Ford não estaria aqui hoje, gerando emprego, renda e qualidade de vida para milhares de baianos”, enfatizou.
Penedo disse ainda que a vinda do presidente Lula ontem desqualificou o discurso de hoje do PT. “Eles vivem dizendo que receberam uma herança maldita dos governos passados, mas as duas vezes em que o presidente Lula esteve na Bahia, este ano, foi para conhecer de perto realizações de gestões anteriores: a fábrica da Nestlé em Feira de Santana e agora a Ford”.
O líder do Democratas, deputado Heraldo Rocha, apresentou moção de congratulações aos funcionários da Ford na Bahia por completarem a marca de um milhão de veículos produzidos. No documento, o parlamentar destacou a importância de ACM para a vinda da montadora. Ele lembrou que o líder baiano chegou a subir na tribuna do Senado para avisar que sairia da base do governo se a montadora não fosse instalada no estado.
“No mês seguinte, a medida provisória que viabilizava a Ford na Bahia finalmente foi promulgada pelo Senado e, por justiça do destino, por ato de ACM, na condição de presidente da Casa”, frisou. Heraldo Rocha citou que o processo de implantação da quarta fábrica da Ford no país começou com a aprovação e implantação, em março de 1997, do Regime Especial Automotivo, na época, sob a liderança do senador Antonio Carlos Magalhães.
Porém, a Bahia só entrou na disputa pelo complexo automobilístico, de fato, após a desistência da montadora pela implantação da unidade no Rio Grande do Sul, em abril de 1999. Outros estados, como São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Pernambuco e Minas Gerais, também entraram na briga.
Visando arrematar definitivamente o investimento, a Bahia ofereceu condições especiais e todo o apoio necessário para a montagem da unidade industrial no estado. Antes disso, a bancada baiana, liderada por ACM, conseguiu, no Congresso Nacional, a prorrogação do Regime Especial Automotivo para o Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Dessa forma, foram garantidos os incentivos necessários para viabilizar a instalação da unidade automotiva.
Fonte: Correio da Bahia

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