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segunda-feira, outubro 29, 2007

Custos da demagogia

A alta do petróleo tornou dramáticas as conseqüências negativas para a Petrobrás, e para o País, da demagógica pregação feita em 2002 pelo então candidato presidencial Luiz Inácio Lula da Silva, depois transformada em política do governo do PT: a imposição de um elevado índice de nacionalização das plataformas de exploração de petróleo contratadas pela empresa. A Petrobrás teve de rever seu planejamento, o que levou ao adiamento de vários contratos e ao atraso no seu programa de investimentos. Agora, está tendo de pagar bem mais caro pelos equipamentos de que necessita para cumprir suas metas de produção.As dificuldades decorrentes da falta de condições materiais e financeiras das empresas instaladas no País para atender adequadamente à demanda da Petrobrás - em termos de prazos, especificações e preços - já vinham atrasando o cronograma elaborado em 2003. Com o recente encarecimento do petróleo aumentaram as encomendas internacionais de equipamentos de prospecção e exploração, o que resultou no aumento dos preços e dos prazos para entrega. As novas condições do mercado exigem negociações que retardam ainda mais o fechamento de contratos.O caso da Plataforma P-57, projetada para extrair 180 mil barris diários de petróleo do Campo de Jubarte, na Bacia de Campos, sintetiza o problema enfrentado pela Petrobrás. Ela tem capacidade idêntica à da Plataforma P-50, encomendada em 2002 ao preço de US$ 500 milhões. Na primeira licitação realizada pela Petrobrás em janeiro, o estaleiro Jurong, de Cingapura, propôs sua construção por US$ 2,38 bilhões, quase o quíntuplo do preço contratado há cinco anos.Mesmo tendo revisto o preço de 2002, a Petrobrás considerou que a oferta era pelo menos 60% superior ao valor por ela estimado, e assim decidiu suspender a licitação, que incluía a Plataforma P-55, também com capacidade para extrair 180 mil barris diários e que operará no Campo de Roncador, também na Bacia de Campos. Na semana passada, a empresa recebeu nova proposta para a construção da P-57, um navio-plataforma conhecido pela sigla FPSO, ou unidade flutuante de produção e estocagem de petróleo (a P-55 é uma plataforma semi-submersível apoiada em quatro colunas).Nesse processo já se perderam dez meses. E este não é um caso isolado. Reportagem de Nicola Pamplona publicada domingo passado pelo Estado mostra que nenhuma das unidades previstas no planejamento estratégico da Petrobrás definido em 2003 cumpriu o cronograma. As mais atrasadas são as plataformas P-55, que deveria entrar em operação no ano passado, mas que, se tudo der certo daqui para a frente, só começará a operar em 2013; P-56, prevista para 2007, mas que ainda está em negociações, devendo entrar em operação em 2011; e P-57, também prevista para 2007, mas que só deverá funcionar em 2012.Por causa do atraso, a produção de petróleo no fim de 2007 será pelo menos 380 mil barris diários menor do que a prevista no planejamento da Petrobrás, de 2,22 milhões de barris por dia. Se se admitir o preço médio de US$ 60 o barril, a receita da Petrobrás neste ano será pelo menos US$ 8,3 bilhões menor do que poderia ser, caso o cronograma tivesse sido cumprido.Também as contas externas do País são afetadas pelo atraso no programa de expansão da produção da Petrobrás. Recente estudo da consultoria Tendências previu um déficit de US$ 4,9 bilhões na balança comercial do setor de petróleo em 2007, 19% a mais do que o saldo negativo registrado no ano passado. É a conseqüência da revisão das projeções para a produção nacional neste ano.Na semana passada, a Petrobrás informou que a produção nacional de petróleo em setembro foi de 1,77 milhão de barris diários, com uma ligeira queda de 2,1% em relação a agosto. Somando-se esse resultado à produção da empresa no exterior, o total foi de 1,897 milhão de barris por dia, 1,8% menor do que o de agosto e 1,6% menor do que o de setembro de 2006.Grandes companhias petrolíferas enfrentam hoje problemas como os da Petrobrás. Mas os da empresa brasileira são agravados pelas interferências políticas em suas decisões e também no seu quadro de diretores, cujos custos vão ficando mais nítidos com o correr do tempo.
Fonte: Estadao

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