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domingo, setembro 16, 2007

A eterna tragicomédia

por Mino Carta
A absolvição de Renan é o compacto, irremediável descaso com o País
Quando caiu o Muro de Berlim, os sábios disseram que com ele ruíam as ideologias, como se o espaço das idéias e dos ideais estivesse extinto. De uns anos para cá, investem contra a política como se fosse o pior dos males do planeta. Mas a política é inerente à atividade humana, da mesma forma que o poder se impõe em todos os quadrantes, instâncias e situações, graúdas e miúdas.
Uma coisa é a política, outra a politicagem. A Terra não vive um momento de glória de inúmeros pontos de vista e, no caso específico, os politiqueiros são infinitamente mais numerosos do que os políticos. Neste domínio, o Brasil bate recordes mundiais e a absolvição de Renan Calheiros não passa de mais um ato da tragicomédia verde-amarela.
O episódio não causa surpresas. Tampouco, a falta de dignidade de um presidente do Senado contra quem as evidências clamam, e que, mesmo assim, permanece agarrado à sua cadeira. E ainda não causa surpresa a escassa familiaridade do senador Tasso Jereissati com a aritmética, compartilhada pela mídia, pronta a aceitar como verdade factual suas declarações à saída do plenário: “Quem votou a favor foi o PT”.
Alguma destreza na execução das quatro operações permite dizer que as contas não batem. É certo que Calheiros também recebeu a aprovação de senadores da oposição. Surpresa? Nenhuma. Como a Constituição, diria Raymundo Faoro, o Congresso é ornamental.
E a absolvição do presidente do Senado é um espetáculo em que se mesclam, sem a pretensão de hierarquisar os componentes, irresponsabilidade, arrogância, vulgaridade, amoralidade. Compacto, irremediável descaso com o País e a nação. Quem quiser enriquecer a receita, esbalde-se. Não há bala perdida.
Ninguém padeça, contudo, de cãibras nos maxilares. Estes são os nossos senadores, varões da República, parte conspícua da chamada elite, a minoria que dita as regras. Aliás, ocorre-me uma pergunta que gostaria de dirigir ao ministro Franklin Martins. Como a Tevê Pública, prometida para o curto prazo pelo governo, noticiaria os eventos destes dias, caso já estivesse em funcionamento? Pergunto aos meus desconsolados botões e eles tombam em estado de depressão profunda.
Fonte: Carta Capital

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