Um dia depois de VEJA revelar, em sua reportagem de capa desta semana, que metade dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) suspeitam que seus telefones sejam monitorados ilegalmente, mais um magistrado do STF vem a público para manifestar desconfiança semelhante. Joaquim Barbosa, relator do caso do mensalão, afirmou que pode ser ele também vítima de grampos ilegais. "Hoje há uma sensação generalizada em Brasília, entre as pessoas que ocupam uma função importante, de violação de privacidade. É um fato muito grave", disse o ministro, em declaração publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em sua edição deste domingo.
De acordo com Barbosa, a quem cabe decidir a partir de quarta-feira, junto de seus colegas, se o Supremo abre ou não processo criminal contra os 40 denunciados de envolvimento no esquema do mensalão, o fato de ser ele o relator do caso torna-o mais vulnerável. "Teoricamente o risco aumenta, mas não tenho nenhum elemento para afirmar que possa ter acontecido ou esteja acontecendo", disse o ministro, segundo a Folha.
A suspeita de Barbosa vem se juntar àquelas levantadas por outros cinco dos 11 magistrados da mais alta corte do Judiciário brasileiro. De sete ministros ouvidos por VEJA, Celso de Mello, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, Sepúlveda Pertence e Carlos Ayres Britto declaram temer que suas conversas ao telefone sejam gravadas por uma certa banda podre da Polícia Federal (PF), que depois utilizaria estas gravações contra os ministros, no caso de suas ações não atenderem aos objetivos desta banda podre. Ao jornal paulista, Marco Aurélio declarou que “estamos vivendo uma época um tanto quanto psicodélica.A escuta clandestina merece a condenação da própria sociedade".
Mensaleiros no alvo - A denúncia é grave porque chega ao Supremo, nesta semana, o caso do esquema que envolvia membros do governo, outros políticos, altos funcionários da República e empresários, em que o governo pagava mesada a deputados da base aliada em troca de apoio político. Na denúncia que vai ao STF, o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, apontou a existência de uma "organização criminosa", e indicou quais crimes cada um dos 40 denunciados teria cometido. Mesmo suspeitando ser alvo de grampos clandestinos, o relator Joaquim Barbosa já sinalizou, durante a semana passada, que deve acolher a denúncia contra os mensaleiros.
Fonte: revista veja
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