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segunda-feira, janeiro 08, 2007

Moradores interrompem o tráfego na Estrada do Coco

Por: Flávio Costa
Em protesto contra a falta de abastecimento de água, dezenas de moradores de Vila de Abrantes interromperam, por cerca de uma hora, o trânsito na Estrada do Coco (BA-099), na manhã de ontem. O protesto provocou um engarrafamento de 15km. Com pedaços de pau e bicicletas, os manifestantes bloquearam a pista no sentido de quem se dirige às praias do litoral norte, a cerca de 800m do posto de pedágio. Depois da intervenção da Polícia Rodoviária Estadual, uma faixa da pista foi liberada. A manifestação só acabou após a chegada de um preposto da Empresa Bahiana de Águas e Saneamento (Embasa).


Os moradores de cinco comunidades do Distrito de Vila de Abrantes, município de Camaçari (Fonte da Caixa, POC, Estivas, Sítio do Fradinho e Veredas dos Buris), reclamam que apesar de não terem água em sua casa há meses, recebem mensalmente a conta da Embasa. Em Sítio do Fradinho, um loteamento irregular erguido em área ambiental, nunca houve rede de abastecimento. Quem vive lá critica ainda a “neutralidade” da prefeitura de Camaçari e pede também a expansão da rede de abastecimento local. Como o terreno é considerado área de preservação ambiental e não poderia ter sido vendido para construção de residências, qualquer intervenção é barrada pelo Ministério Público Federal, onde corre um processo para investigar a venda dos lotes.


Para os moradores de Abrantes, paralisar o tráfego da Estrada do Côco foi a única solução encontrada no sentido de resolver a situação. Com cartazes onde se liam dizeres indignados e com apitos na boca, tentavam chamar a atenção dos motoristas que passavam lentamente por eles. A presidente da Associação de Moradores do Loteamento do Sítio do Fradinho (AMLST), Hildete Sousa Cruz, afirma que, desde 1999, o problema de abastecimento de água no local é alarmante. De acordo com ela, é necessário “fazer vaquinhas” entre os moradores para conseguir contratar caminhões-pipa para sanar a deficiência. “A Embasa diz que não pode ampliar a rede por conta da proibição do Ministério Público, nós ficamos sem água. Mas as pessoas que possuem sua rede legalizada também não têm água em casa, mas pagam todo mês as contas que chegam”.


Hildete afirma que é preciso encontrar uma solução que não prejudique mais ainda a população de Abrantes. “Os condomínios daqui recebem água, e por que nós não temos o mesmo direito? É uma questão de discriminação”. O vice-presidente da AMLST, William Almeida, afirma que falta empenho da prefeitura de Camaçari em resolver o caso junto ao MPF e permitir que a rede seja ampliada. “A prefeitura está de braços cruzados, não faz nada para nos ajudar”. O gerente da Secretaria de Infra-estrutura de Camaçari, José Andrade Souza, afirma que o poder municipal realmente “não pode fazer nada” enquanto o imbróglio judicial não for resolvido. “É uma herança maldita. O loteamento foi feito de maneira irregular em administrações passadas”, declarou.


Entre os manifestantes, boa parte afirma esperar a água chegar há meses, apesar de continuarem pagando a conta. A dona de casa Lélia Santos, 52 anos, moradora da comunidade de Fonte da Caixa, diz ter pago no último mês uma conta no valor R$97, sem receber uma única gota. “É um absurdo! Nós temos que comprar galões ou então ir nas fontes que têm água suja”. A dona de casa, Eva Andrusyszyn, que mora no bairro de Pock, relata que troca o dia pela noite para obter água, que só chega pela madrugada. “É dia sim, dia não, já está desta maneira há mais de seis meses e ninguém toma uma providência”.


***


Engarrafamento até Portão


Por volta das 10h, uma hora depois do início do protesto, o engarrafamento se estendia até os limites de Portão, em Lauro de Freitas. Diante deste quadro, os agentes da PRE conseguiram que os manifestantes liberassem toda a pista. Não houve confronto. “Nós negociamos e garantimos a vinda de um preposto da Embasa. O engarrafamento não podia mais continuar porque está prejudicando os motoristas”, afirmou o tenente da PRE, Henrique Olinto.


Depois do fim do manifesto, o gerente da área de Arembepe da Embasa, que se identificou apenas pelo prenome de Francisco, foi ao local para conversar com os moradores. De acordo com relato da comissão formada que discutir o caso, o gerente atribuiu a falta de abastecimento em Abrantes ao aumento da demanda. Ele afirmou ainda que este problema estaria resolvido com a criação de uma ligação entre a rede de Abrantes e a Barragem de Pedra do Cavalo. Mas para isso será necessária a construção de 70m de manilha sob o Rio Joanes. Sobre a ampliação da rede de Abrantes, o gerente teria declarado que é preciso o Ministério Público Federal liberar a área para que o serviço seja realizado. “Como eles não nos deram um prazo para solução do problema, vamos amanhã, em comissão, conversar com a diretoria da Embasa”, afirmou a presidente da AMLST, Hildete Cruz. Ontem, a reportagem do Correio da Bahia, tentou, sem sucesso, ouvir o MPF e a assessoria de comunicação da Embasa para obter maiores esclarecimentos sobre o caso.

Fonte: Correio da Bahia

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