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segunda-feira, junho 12, 2006

Entrevista - Geraldo Alckmin

Por: Correio Braziliense (DF)

O ex-governador paulista Geraldo Alckmin terá sua candidatura à Presidência da República ratificada hoje, em Belo Horizonte, na convenção do PSDB. Nesta entrevista exclusiva ao Correio Braziliense, o tucano aposta nas alianças políticas, no trabalho voluntário de militantes de sua campanha e no horário eleitoral de TV para crescer e derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Acho que vamos ter um mutirão cívico no Brasil, uma ira santa. Há uma indignação popular. Aiás, Brasília me chama a atenção. Eu ando na rua e, olha, é impressionante. O povo está com raiva do que vem acontecendo no Brasil. Vamos ter um trabalho voluntário gigantesco no país inteiro, de pessoas que a gente nem conhece", avalia.
Alckmin promete cortar gastos públicos, reduzir impostos e baixar a taxa de juros para colocar o país na rota de um crescimento econômico maior. Diz que o presidente Lula tinha conhecimento de tudo o que ocorreu em seu governo, inclusive em relação à crise do mensalão. E rebate as críticas ao seu estilo franciscano de fazer campanha. A seguir, os principais trechos da entrevista.
"É óbvio que Lula sabia"
Josemar Gimenez, Oswaldo Buarim, Denise Rothenburg e Luiz Carlos Azedo
Da equipe do Correio
Como o senhor pretende fazer para empolgar a sua base e os aliados? Por exemplo, Jarbas Vasconcelos não compareceu ao encontro em Pernambuco. Como convencê-los que o senhor é o melhor candidato?
A campanha propriamente dita começa dia 5 de julho. Até lá, é ilegal fazer campanha eleitoral. Segundo, é uma leitura equivocada achar que todas as lideranças precisam ir em todos os eventos. Não existe isso. Estavam em Petrolina as lideranças todas da região. Tinha uma leitura que o PMDB iria ficar com o PT. Não vai. A maioria do PMDB vai ficar conosco. Nós temos, em Pernambuco, o melhor palanque, PSDB, PFL, PMDB e PPS.
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves, tem dito que o índice de popularidade dele, 72%, não é suficiente para transferir, que
isso depende muito do candidato. O senhor concorda?
Mas é óbvio. A campanha tem três frentes importantes: a primeira é essa, que exige uma enorme paciência, que é a engenharia política. Acho que correu bem. A segunda, é o trabalho voluntário. Acho que vamos ter um mutirão cívico no Brasil, uma ira santa. Há uma indignação popular. Aliás, Brasília me chama atenção. Eu ando na rua e, olha, é impressionante. O povo está com raiva do que vem acontecendo no Brasil. Vamos ter um trabalho voluntário no país inteiro gigantesco, de pessoas que a gente nem conhece. E a terceira é a televisão, ou seja, é campanha do candidato falando com o eleitor.
O senhor gosta de fazer uma campanha com pouca gente, franciscana, estilo de prefeito do interior. Mas o fato é que o senhor precisa fazer uma demonstração de força. Como resolver isso?
Você não mostra que é candidato robusto com gastação de dinheiro. Quando fui candidato a governador era a mesma ladainha: a equipe é pequena, falta material e não sei o quê. Tive 59% dos votos. Ou nós aprendemos com o mensalão, com o valerioduto, com o caixa 2 ou o Brasil não vai ter um salto de qualidade na sua política. Não quero ser igual aos outros. Eu represento uma nova política.
Os seus aliados têm dito que uma das formas de o senhor conseguir o engajamento político na sua campanha é acabando com a
reeleição. Assim, os outros teriam expectativa de poder e
trabalhariam pelo senhor…
Isso é altamente ofensivo aos meus companheiros. É imaginar que as pessoas agem por interesse, que não há espírito público, não há lealdade partidária.
O senhor se considera preparado para um debate com o Lula?
Amanhã, se ele quiser.
O que o senhor pensa fazer num embate mais direto?
Primeiro, não pretendo fazer ataque. Seria muito pouco. Nossa proposta é de mudança. Pretendemos, nessa campanha, fazê-la em duas etapas: a primeira é mostrar que há uma outra opção. Hoje, 50% do eleitorado não nos conhece. Depois, mostrar que essa opção pode ser melhor para o Brasil. Em que sentido? Do ponto de vista de crescimento econômico, emprego, renda e trabalho. Acho que o Brasil perdeu todas as oportunidades nesses últimos quatro anos, teve uma política fiscal frouxa. Não teve uma medida de contenção de gastos. Pelo contrário. Veja aí a corrupção: tudo isso é preço superfaturado.
Mas qual é a agenda da oposição?
A agenda do crescimento. As reformas não saíram do papel. Na questão tributária, não se teve um avanço. Nenhuma mudança para simplificar, para melhorar a questão da eficiência tributária, nada. A questão previdenciária sequer foi regulamentada. A reforma política não saiu do papel. Tivemos quatro anos nos quais o Brasil perdeu oportunidades. E o segundo mandato pode ser pior ainda. Você tem um governo frouxo do ponto de vista ético, ruim de gestão, e o Brasil acaba tendo um crescimento pífio.
Mas o governo do presidente Lula tem uma boa aprovação. Transfere isso, segundo as pesquisas de opinião, para a reeleição. E o senhor tomou três bordoadas, em três pesquisas seguidas
mostrando que o presidente Lula teria hoje condições de ganhar no
primeiro turno. O senhor perdeu espaço inclusive em São Paulo…
Primeiro, o presidente Lula não tem uma boa avaliação. Ele tem 38% de ótimo e bom. Ninguém se reelege com isso. É muito pouco. Eu tinha 69% em São Paulo. Com essa massa de publicidade e propaganda, 38% de ótimo e bom é pouco. Pesquisa nesse momento não representa intenção de voto. Ela reflete o nível de conhecimento. Quando começar a campanha, em alguns dias recupero uma grande vantagem em São Paulo.
O senhor acha que há tempo, numa campanha curta, para se tornar conhecido por 50% da população?
Não tenho dúvida. Em São Paulo, na campanha de governador, em 2002, o Maluf tinha, nessa época, 43% dos votos. As manchetes dos jornais eram: eleição acaba no primeiro turno. Todos nós somados, tínhamos 40%. É um equívoco acreditar em pesquisa a quatro meses da eleição, antes da campanha. E mais: o eleitor é sábio. Vai levar a eleição para o segundo turno para poder ter mais clareza das propostas, ter um debate de mais qualidade. Ele não decide no primeiro turno.
A crise do PT não comprometeu os índices de aprovação do Lula. Ele continua mantendo distância dessa crise. Não ficou claro para o eleitor se ele sabia ou não do mensalão…
Alguém pode acreditar que o governante não sabe o que se passa no governo? É óbvio que Lula sabia! O José Dirceu dizia: só faço o que o presidente manda. Não faço nada que o presidente não mande. Fica muito mal: um presidente que não sabe o que se passa na sala ao lado. Como é que pode governar o país alguém com tal nível de omissão? É muito mal. Uma coisa é popularidade, outra é credibilidade. A popularidade tem volatilidade.
Todas as vezes que os tucanos tocam nesse assunto, os petistas vêm sempre com a questão das CPIs não instaladas em São Paulo e a história dos vestidos da ex-primeira-dama paulista. O senhor já se preparou para dar uma resposta cabal a essas questões?
Respondo sobre isso todos os dias. Primeiro, a Assembléia Legislativa é autonôma. Ela pode instalar o que ela quiser. CPI não deve ser objeto de luta política. CPI precisa ter fato para ser instalada. A maioria das CPIs de São Paulo não tem fato. Em relação aos vestidos, sou muito claro: a Maria Lúcia trabalha comigo desde o tempo em que eu era prefeito, há 26 anos, nunca foi funcionária pública. Nunca recebeu um centavo de recurso público. Fez um trabalho extraordinário no fundo social de solidariedade. Foram 9 mil padarias artesanais instaladas. Recebeu os vestidos de um estilista, e falou isso. Usou os vestidos, doou para as santas casas, entidades filantrópicas. Isso não teve nenhuma relação com o governo do estado. Se me perguntar hoje, eu diria até que ela errou. Não devia ter aceito os vestidos, mesmo tendo doado depois. Mas é assim mesmo, vivendo e aprendendo.
O senhor pretende mostrar que parte do que está sendo feito pelo
governo na área social é resultado do governo anterior?
A estratégia é falar do projeto nacional de desenvolvimento. Entendo que o Brasil pode mais. Vou cortar gastos, cortar impostos e cortar juros. O Brasil vai crescer para valer, pode escrever. Vamos reduzir a carga tributária, fazer um ajuste fiscal, cortar gastos supérfluos e lutar pelo crescimento.
Como a questão social será abordada na campanha?
A prioridade é o emprego, mas o programa Bolsa Família será mantido. Nós temos rede de proteção social em São Paulo para as famílias mais pobres. Isso nós temos e vamos manter. O Bolsa Família é uma unificação dos programas Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Vale Gás, mudou de nome, mas é o mesmo programa. E nós vamos manter. Mas essa não é a questão central, que é como o Brasil diminui a pobreza, a desigualdade. A maneira de fazer isso é crescimento econômico.
E a reeleição?
Essa é uma questão a ser resolvida logo no começo do mandato? Esse é um tema do Congresso. Quatro anos são mais do que suficientes para se fazer um bom governo. Essa não é uma questão programática. Você tem argumentos a favor e argumentos contra. Nós precisamos ter regras, hoje há um abuso. O candidato Lula faz campanha com dinheiro público. Ele andou 64 mil quilômetros de Airbus, com um Boeing atrás e dois helicópteros esperando. Tem eventos que não tem nada substantivo. Perdeu-se todo o critério de razoabilidade, que é um critério jurídico.
O senhor pretende ampliar a coligação PSDB-PFL?
O PPS já declarou apoio. Nós vamos trabalhar para fazer uma coligação. Se depender de nós, vamos ter uma coligação PSDB, PFL e PPS. O PDT lançou candidato próprio. Estando os três coligados, teremos mais possibilidades de apoio, inclusive no PMDB.
Dois palanques no Distrito federal é uma realidade sem retorno, com Abadia e Arruda candidatos?
O ideal é ter um palanque. Reproduzir a aliança do governador Joaquim Roriz, que lhe deu sustentação ao governo. Tenho grande apreço pela governadora Abadia, minha colega de Congresso Nacional, que tem grande espírito público. O governador Joaquim Roriz (PMDB) foi o primeiro governador do país a me dar apoio. E o PFL é nosso aliado. Então, tem ainda tempo para se buscar um entendimento. Temos mais uns dias aí. Vamos aguardar.
O senhor assistiu os atos de barbárie do MLST na Câmara. Em caso de vitória, o senhor teme um recrudescimento de ações dessa natureza?
Nunca enfrentei problemas dessa natureza em São Paulo. Isso só ocorre por falta de autoridade e cumplicidade. Há movimentos que são instrumentalizados e perderam a legitimidade, muito deles mantidos com dinheiro público. É dinheiro desviado, o governo não deveria repassar recursos para esses movimentos que não respeitam a lei.

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