Por: Juacy da Silva (A Gazeta MT)
Nada pior neste mundo do que a falta ou despreparo da mão-de-obra em qualquer país, área de atividade ou ramo de negócio. O mundo moderno exige que as pessoas para conseguirem um espaço ou lugar ao sol sejam cada vez mais qualificadas e especializadas. Certamente que para preparar profissionais à altura das exigências do mercado precisamos de um sistema de formação que, de fato, atenda tais exigências e mudanças que ocorrem de forma muito rápida. Se as sociedades têm este entendimento, também a marginalidade e a criminalidade devem se preocupar com a formação e constante atualização de seus quadros. Costuma-se dizer que os presídios são, de uma forma mais ou menos empírica, verdadeiras universidades do crime. Algumas autoridades chegam a dizer que um delinqüente comum, sem alta periculosidade, o popularmente chamado "ladrão da galinha", entra quase cru na prática da delinqüência e acaba saindo doutor. No entanto, a grande maioria dos reeducando, como assim são denominadas essas pessoas que agridem e atentam contra a sociedade, de forma violenta e covarde, geralmente são pobres, negros, pardos ou pertencem a grupos e segmentos excluídos da sociedade.
Por mais que o Brasil ostente uma posição pouco confortável no "ranking" ou hierarquia mundial no quesito corrupção, jamais ou quase nunca os criminosos de colarinho branco chegam a ser matriculados e internados nessas universidades do crime. Mesmo apanhados com a boca na botija, com dólares na cueca, cheques e depósitos em suas gordas contas bancárias, sempre são considerados inocentes até prova em contrário. A conclusão que podemos chegar é que esta estória de corrupção em nosso país é invenção dos meios de comunicação, falta de preparo das forces policiais ou dos ministérios públicos ou do sistema judiciário. Não existe compra de votos, ninguém "molha" a mão de ninguém etc e tal.
Todavia, vamos e venhamos, tudo isto deixa as pessoas em uma situação difícil, algumas passam a sofrer de amnésia, outras não conseguem reconhecer amigos ou comparsas, outras choram diante das câmeras, das CPIs, dos inquisidores que a gente acaba ficando com dó dessas pessoas inocentes, até prova em contrário, cujo prazo pode demorar décadas ou a vida inteira e sempre serão inocentes até prova em contrário ou que a condenação seja transitada em julgado.
Para evitar todos esses constrangimentos, poderiam ser criadas "escolas" de corrupção para melhor preparar nossos/as corruptos e assim possibilitar que tais pessoas pudessem atuar com mais desenvoltura e um acobertamento perfeito, impossibilitando que a minoria da população que ainda prima pelo que é denominada ética deixasse de atormentar a vida desses inocentes ou como alguns dizem espertos e talentosos para amealhar riqueza, renda e posição social de forma espantosa. Essas "escolas" da corrupção deveriam integrar um sistema bem organizado e articulado em seus vários níveis. A formação básica ocorreria em escolas espalhadas pelos diversos municípios, a especialização a nível estadual, o mestrado e doutorado na capital federal e o pós-doutorado em países que estejam entre os dez mais corruptos do mundo. Para facilitar a vida dos corruptos deveria haver leis federais, estaduais e municiais regulamentando a profissão de corrupto, com organizações reconhecidas para o registro profissional e a fiscalização da profissão, evitando-se que leigos no assunto viessem a adentrar este próspero ramo de atividade e denegrissem a imagem dos verdadeiros corruptos.
Como a bandidagem de colarinho branca raramente suja as mãos com sangue, quando muito com tinta de carimbos ou de caneta, poderiam ser realizados acordos e parcerias com grupos da delinqüência comum como o PCC, o Comando Vermelho, o Terceiro Comando, as Serpentes Negras e outros mais que existem e comandam os diversos presídios por este país afora para que os mesmos pudessem se encarregar de impedir que parte do bando dos criminosos de colarinho branco denunciassem seus parceiros.
Em uma próxima oportunidade tentarei detalhar a grade curricular e a carga horária para essas "escolas" da corrupção. Afinal, toda profissão que se preze deve formar e reciclar continuamente seus integrantes.
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